Uma das maiores influencias da mitologia romana se expressa na visão que muitos ocidentais tem sobre o Deus santo.
Para muitas pessoas Deus é um ser isolado em um lugar alto, rodeado de luxúria e riquezas que não suporta a aproximação dos homens. Criaturas vis, finitas, limitadas, cheias de dores, necessidades e pecados. Nesta visão a ira do Eterno se acende com o cheiro da natureza humana ao menor sinal de aproximação. Nesta ideia o ser divino se manifesta com arroubos de ira, vociferando imprecações, maldições e condenações. Um ser que pune, castiga, e sujeita a natureza humana a dores e necessidades. E que, para o ser humano alcançar qualquer favor do eterno deve estar disposto aos mais impossíveis desafios.
No entanto, o que a Bíblia nos ensina sobre o ser de Deus com relação ao homem e o pecado?
O salmista Davi faz um reflexão muito importante quando diz: "Bom e reto é o Senhor, por isso, aponta o caminho aos pecadores. Guia os humildes na justiça e ensina aos mansos o seu caminho." (Salmo 25:8-9)
Diferente da mitologia romana, a Bíblia nos apresenta um Deus misericordioso. Que olha sim para a natureza humana e vê nela imperfeições, necessidades, dores, pecados, miséria, limitações e incapacidades. Porém a Bíblia nos mostra um Deus que se relaciona com o homem de maneira mais pessoal. Como um pai, ou um mestre que tem prazer em ensinar seus filhos e alunos, Deus tem uma metodologia interessante de edificação para seus filhos. O salmista destaca a trilogia: Apontar/Guiar/Ensinar.
Assim, o Deus da Bíblia é um ser que se aproxima do homem, abrindo mão de qualquer ambiente que lhe seja favorável e protetivo, vindo ao encontro do homem pecador onde este se encontra. A Bíblia refuta a ideia de um ser eterno que esteja longe do homem, mostrando sempre o Eterno vindo ao encontro do homem. Não é o homem que vai a Deus, mas Deus que vem ao homem. E isto ainda não é o processo de tratamento. A partir do encontro de Deus com o homem o salmista descreve o processo de tratamento do Eterno, sendo:
Aponta o caminho: Deus direciona o homem para o que Ele quer fazer com este.
Guia os humildes: Deus vai junto com o homem, muitas vezes segurando na mão do homem, outras o carregando nos braços (Is 46:3-4).
Ensina aos mansos: Ensinar é mais do que falar ou transferir conteúdo conceitual. Ensinar é estilo de vida, é mudar comportamentos e culturas. Ensinar é promover transformações significativas na vida do ser humano.
Assim, com esta argumentação o salmista nos transporta para uma nova visão, uma visão onde o celestial e o terreno se encontram e promovem o melhor resultado possível para ambas as partes. Nesta nova visão o Eterno e o finito são feitos amigos, pai e filho, em uma aliança eterna de vida em toda a sua plenitude. Elevando a confiança, a esperança, a fé e muitas outras virtudes do homem para com Deus.
Desta forma, resta-nos por fim, refletir sobre qual visão temos nos aproximado do Eterno? Ressaltando que o salmista Davi compartilha de sua caminhada na companhia do Eterno. Seus escritos não são utopias filosóficas romanceadas, mas descrições de um dia a dia na jornada espiritual de um ser humano finito, pecador e cheio de necessidades junto a um Deus cheio de amor e misericórdia.